Cabeçote rebaixado e Taxa de Compressão

Elevar a potência do motor melhorando a forma como o motor trata a relação ar/combustível. O aumento da taxa de compressão.
Dicas importantes para que você não tenha nenhum tipo de prejuízo com o seu motor. Vale lembrar que o aumento da taxa de compressão não é regra para todos os tipos de veneno. Por exemplo, para carros turbinados essa receita não vale. Quando falamos de carros “ENVENENADOS”, mas de aspiração natural, ou seja, carros preparados, mas sem nenhuma sobre-alimentação como, turbo, blower ou compressor, o aumento da taxa de compressão é de fundamental importância, principalmente se você escolher o álcool como combustível. Estamos salientando este aspecto, porque supomos que seu carro seja movido à gasolina e dependendo do tipo de cabeçote e de quantos milímetros ele for rebaixado, você vai poder andar com álcool ao invés de gasolina.
Por estas entre outras razões, não basta apenas rebaixar o cabeçote para que o carro possa andar com álcool ao invés de gasolina. Antes de tudo é preciso saber de que tipo de motor estamos falando, se é um motor antigo, se é um motor moderno, se tem 4, 6 ou 8 cilindros e assim por diante. Se for um motor de concepção antiga a transformação para álcool pode ser praticamente impossível.
Falamos de impossibilidade, pois em geral esses motores têm uma taxa de compressão muito baixa e para conseguir-se o aumento necessário para que o motor possa funcionar com álcool, dependendo do tipo de cabeçote, seria necessário rebaixá-lo muito para alcançar a taxa ideal. Observe que não se tratam de motores que eram movidos a gasolina e passaram a rodar com álcool depois da colocação de um kit turbo. São assuntos completamente diferentes e que abordaremos em breve, quando o assunto for carros turbinados.
O que se trata aqui é da taxa de compressão ideal para que um carro rode com álcool, que é de aproximadamente 12:1, com pequenas variações conforme a tecnologia empregada no motor. Isso não quer dizer que um carro que não possuir essa taxa não vá rodar com o álcool, mas que o ideal e o correto seria que ele rodasse com essa taxa ou maior ainda, podendo chegar a 14:1. É certo que os carros movidos à gasolina mas que possuem uma taxa de compressão baixa - como os carros antigos - se tivessem a taxa aumentada, seu desempenho seria bem melhor. O fato em parte se explica, pois antigamente a nossa gasolina possuía uma octanagem bem menor que hoje. Mas como já adiantamos, tudo tem que ser pensado, pois se o aumento for muito grande provavelmente você terá problemas como “batidas de pino”.
Já que alertamos sobre alguns dos principais problemas, vamos ao passo seguinte que é definir o quanto você vai rebaixar o cabeçote. Bem isso é um assunto que também vai depender do estado em que se encontra o cabeçote que está montado no motor. Imaginemos que seu carro não foi comprado 0 Km e que seu motor sofreu um aquecimento no passado, tendo esse cabeçote recebido um passe ou, por exemplo, que tenha recebido algum tipo de preparação. Neste caso é fundamental checar o quanto esse cabeçote foi rebaixado para não exceder o limite. Bem, definindo todos esses itens e verificada a viabilidade do trabalho, o ideal é rebaixar entre 0,5 mm e no máximo 2,0 mm dependendo do modelo do cabeçote e do ganho que se pretende. Alguns carros modernos e com cabeçotes multi-válvulas não possuem uma variação tão grande assim, portanto fique atento.
Antes de tomar qualquer decisão e desmontar seu cabeçote procure informações técnicas para
que você não tenha um grande prejuízo. Todavia o processo é razoavelmente simples e confiável e com um “simples” aumento da taxa de compressão é certo que seu motor possa ganhar algo em torno de 10 cv ou até mais, dependendo do cabeçote e do tipo do combustível usado. Lembre-se que esses valores somados ao trabalho no cabeçote, que abordamos na edição passada, mais a troca do comando de válvulas por um mais esportivo, e o acerto da carburação ou a sua substituição, assim como o trabalho feito no corpo de borboleta e a mudança do chip de injeção (nos veículos dotados de injeção), fazem com que o ganho de potência seja bem grande e em alguns casos podendo-se superar os 100% de aumento, isso tudo sem o uso de turbo, nitro (NOS) ou qualquer forma de sobre-alimentação. Por outro lado, todas estas medidas necessitam de um grande investimento, além de tornar a condução do veículo bastante cansativa e difícil, restringindo-o à provas de arrancada ou outras competições.
O ponto realmente crítico no trabalho de rebaixamento de cabeçote, consiste em determinar o quanto deverá ser retirado de material do cabeçote. Para tanto, siga as etapas abaixo:
1 - Estando o motor com o cabeçote desmontado, determine o volume do cilindro com o pistão no ponto morto inferior. Não confie em medidas teóricas encontradas em revistas ou manuais, pois como já dissemos se o seu veículo não for 0 Km pode ter sofrido alterações. Meça com um paquímetro o diâmetro interno de um dos cilindros, sua profundidade e a espessura da junta de cabeçote nova, tudo em milímetros com precisão de pelo menos duas casas decimais, utilizando a fórmula abaixo:
Volume Cilindro = [( Diâmetro² x 3,1416 ) / 4 ] x (Profundidade + Espess. da Junta)
2 - Feito isto, coloque o cabeçote sobre uma bancada com as câmaras de combustão voltadas para cima e as válvulas de admissão e escape fechadas, e com auxílio de um nível calce-o para que fique 100% plano. Coloque uma das velas de ignição na câmara que for medida, enchendo-a com fluído hidráulico até transbordar. Depois faça o nivelamento com uma régua de aço. A
seguir retire o fluído com uma seringa de injeção, colocando-o numa proveta graduada, descobrindo desta forma o volume da câmara de combustão.
Caso você tenha certeza de que seu motor não sofreu alterações em relação às especificações originais de fábrica e tiver em mãos dados precisos da taxa de compressão e volume do cilindro, pode usar a seguinte fórmula para calcular o volume da câmara:
Volume Câmara = ( Volume Cilindro) / (Taxa Compressão - 1)
3 - Agora vamos determinar qual deverá ser o volume da câmara de combustão para a nova taxa de compressão que se deseja obter:
Novo Volume Câmara = Volume Cilindro / (Nova Taxa de Compressão - 1 )
4 - Finalmente, pegue a proveta graduada e coloque novamente o fluido hidráulico até atingir o volume obtido no cálculo acima. Despeje o conteúdo na câmara de combustão, e com o paquímetro, meça a distância que falta para o fluido chegar à superfície do cabeçote, com a maior precisão que puder. A medida obtida representa o quanto deverão ser rebaixados os cabeçotes. Espere medidas pequenas, de 0,5 a 2 mm. Medidas muito maiores que 2 mm provavelmente estarão erradas e, neste caso refaça todas as contas. Medidas menores que 0,5 mm indicam cabeçotes que já foram rebaixados, ou motores que já trabalham com taxas de compressão mais altas, portanto, remonte tudo e esqueça o assunto.
5 - Agora, é só enviar o cabeçote para a retífica, indicando o quanto deverá ser rebaixado। Tendo chegado a este ponto e se certificado de que todos os cálculos estão corretos, não se deixe influenciar por mecânicos que afirmem que você não precisa fazer nenhum cálculo e que podem determinar sem nenhuma conta o valor que você deverá rebaixar. Use o bom senso, e lembre-se de que os métodos científicos sempre são mais confiáveis. Na dúvida, não faça o rebaixamento, é melhor ter um carro original funcionando, do que um envenenado quebrado.

Como calcular a taxa de compressão ATUAL do seu motor

O cálculo da taxa de compressão é o seguinte: sendo
A = deslocamento volumétrico de um cilindro
B = volume da câmara de combustão de um cilindro
então
TAXA = (A + B) / B.
Então precisamos saber estes 2 dados sobre o motor, seu deslocamento volumétrico em cada cilindro A, que é facilmente calculado pelas informações de curso do virabrequim e diâmetro dos cilindros, e o volume da câmara de combustão B, normalmente impossível de "calcular", devendo ser medido (cubicar o motor).
A Deslocamento volumétrico do motor: no caso de um AP 1.8 "STD", temos cilindros com 81mm de diâmetro, e virabrequim com curso de 86,4mm, portando o deslocamento volumétrico desse motor, em cada um dos cilindros, é de 445,22 cm3 (essa medida NÃO é influenciada por tamanho da biela ou pela taxa de compressão - mas influencia esta última se for alterada!)
Fórmula: = ( (PI * (81/2) * (81/2) ) * 86,4 ) / 1000 )
Onde PI = 3,141592654...
B Volume da câmara de combustão: para obter este volume, no caso dos motores AP, você precisa somar três diferentes volumes:
B1 = volume da câmara de combustão no cabeçote (que deve ser cubicado usando algum fluido, obtendo seu volume em mililitros (ml ou cm3);
B2 = volume da câmara de combustão referente à junta do cabeçote, que pode ser calculado usando a mesma fórmula acima, porém usando a espessura da junta do cabeçote APÓS INSTALADA (esmagada) em vez do curso do motor;
B3 = volume da câmara de combustão referente à cava do pistão, e da "luz" (distância do pistão até o alto do bloco, se houver). Esta medida também deve ser obtida cubicando um dos cilindros com o respectivo pistão em PMS;
Com tudo isso em mãos, teremos
B = B1 + B2 + B3
e portanto TAXA = (A + B) / B
Segundo uns cálculos que eu fiz, esse volume total "B" para o motor AP 1.8 STD do exemplo, com taxa de 8,5 por 1, seria 59,36 cm3, e portanto
TAXA = (445,22 + 59,36) / 59,36 = 504,58 / 59,36 = 8,5 !
Só mais uma dica: ao cubicar o cabeçote ou bloco, use um pouquinho de graxa para "vedar" as válvulas em suas sedes, bem como o pistão no seu respectivo cilindro, evitando que o liquido usado para cubicar o motor vaze.

13 comentários:

  1. ola, boa noite!
    cabeçote rebaixado aumenta o consumo de combustivel?

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    1. pelo contrario, rebaixando o cabeçote o carro fica mais economico.

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  2. Amigão, tenho uma Saveiro 1.8 2005 a Gasolina e converti a alcool. O problema é que o consumo está muito elevado (em torno de 7km/l a 120 km/h). Estou interessado em diminuir o cunsumo. Em quanto vc recomendaria eu rebaixar o cabeçote e quais seriam as consequencis diretas em relação ao consumo e a potência?
    Parabéns pela site. Abraço.

    aral@pop.com.br

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  3. Na minha opinião, com cabeçote rebaixado vai melhor com gasolina, realmente eleva o consumo de combustível e aumento de torque e ainda mais com um motor convertido a alcool, já que optou pelo consumo econômico, vêm a gastar mais. Se tem um saveiro 1.8 deixe como está pois cabeçote rebaixado vai melhor para para carros 1.0 a 1.4. Espero que seja útil e continue fazendo comentários. Muito obrigado.

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  4. amigo estou com uma duvida,tenhoi um santana 1.8 a alcool motor ap vou colocar um comando 276 nele,estou na duvida serebaixo o cabeçote ou nao,mais quero tirar o maior numero de proveito do motor do meu carro se possivel alguem me de umas dicas,ele esta com coletor dimensionado!!! abc vlw!!!

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    1. Meu nome é josue pesquise qual é ataca do seu carro primeiro deve ser entre 8 a 9 ex não tire demais senão vai bater pino ou pra detonação. Cuidado.

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  5. Tenho um motor AP 1.8 a gasolina e uso etanol com carburador 2e. Percebo que nas retomadas rápidas é um pouco frouxo. Posso rebaixar o cabeçote para melhorar o desempenho. Pretendo continuar com etanol.

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    1. Pode rebaixar sim o álcool pode ir até 16 de taxa ou mais .mas e bom vc trabalha as bocas admissão e emissão. Ganha potência.

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  6. Tenho um motor AP 1.8 a gasolina e uso etanol com carburador 2e. Percebo que nas retomadas rápidas é um pouco frouxo. Posso rebaixar o cabeçote para melhorar o desempenho. Pretendo continuar com etanol.

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  7. Tenho um ap 1.8 bem taxado e montei um kit turbo porem vejo que em lenta o rotor da turbina não gira e quando acelero ele gira mas não com tanta velocidade pode ser por causa do cabeçote taxado ? A retifica disse que ja esta na última medida

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    1. Tem que ver que tamanho e sua caixa quente.rotor caixa fria.

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  8. E quanto 'a temperatura? Como otimizar o sistema de arrefecimento, ou não precisa? Ou basta retirar a valvula termostática? Normalmente aumentando a taxa de compressão, aumenta a temp

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