Santo André também é palco para racha


Emparelhando seus carros em disputa ou simplesmente costurando entre as faixas com altíssima velocidade, dezenas de motoristas exibem seus carros envenenados e oferecem risco para si e para os outros condutores que trafegam pela via.
Os pegas começam por volta das 23h e se estendem pela noite. Por dois finais de semana o Diário acompanhou a movimentação que só terminou depois da chegada da polícia e do departamento de trânsito.
Os aventureiros fazem uma espécie de circuito oval, como nos famosos autódromos dos Estados Unidos. Os veículos partem da esquina da Avenida dos Estados com a Avenida André Ramalho. Avançam sentido São Caetano até o retorno em frente à Rhodia, na esquina com a Rua Caraguatuba. Fazem a conversão e seguem sentido Mauá até novamente alcançarem a entrada da André Ramalho.
No primeiro trecho, de pouco menos de um quilômetro, um radar eletrônico serve de linha de chegada, evidentemente por forçar os motoristas a pressionarem o pé no freio.
A outra metade do circuito mais serve para o aquecimento dos motores, pois, longe do público, que se concentra no sentido São Caetano, ninguém quer se exibir.
Público - A platéia que assiste aos rachas é majoritariamente formada por jovens do sexo masculino e se concentra em dois postos de combustível, um ao lado do outro, que ficam lotados. Além da opção de estacionar seus carros nas lojas de conveniência dos estabelecimentos, os espectadores também compram bebidas alcoólicas. Cerveja é a preferida.
O grande deslocamento do público atrai até mesmo o comércio informal, de vendedores de cachorros-quentes até um aspirante a barman, que faz de um porta-malas balcão de botequim para vender incrementados drinques.
Animando a festa, música. A trilha sonora é o funk, hip hop e as batidas eletrônicas, tocadas todas assim, ao mesmo tempo, em altíssimo volume, vindo dos potentes equipamentos de som instalados em alguns dos carros, sempre com as portas e os bagageiros abertos para melhor propagar o som. Quem sabe até arrisca uns passos de dança.
Para os rapazes é a chance de atrair a atenção das mulheres, que estão em menor número, mas também participam, assim como algumas crianças.
Quem não se diverte com os rachas se assusta com a movimentação dos carros e a grande concentração de pessoas.
"É uma bagunça. É preciso passar devagar e com cuidado para não provocar nem se envolver em acidentes", disse um motorista profissional de 32 anos, morador de Santo André, que faz entregas durante à noite e presenciou alguns dos rachas na Avenida dos Estados.
Fiscalização - No sábado, 6 de março, cerca de duas horas depois de os pegas terem início, três viaturas da Polícia Militar chegaram e estacionaram nos postos acabando com a brincadeira. Rapidamente, público e competidores se dispersaram.
No final de semana seguinte, a polícia e o Departamento de Trânsito e Circulação de Santo André se anteciparam e organizaram uma blitz fechando os acessos e liberando apenas uma das faixas da Avenida dos Estados. Com a presença das autoridades, o público não se concentrou nos postos e nenhum motorista se atreveu a acelerar além do permitido.

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